domingo, 14 de dezembro de 2014

Seja dono de si.














A quem pensa que engana
o ser burro que achou por tanto
ser mais esperto ou malandro
ao ponto de dizer a todos

Essa menina é incapaz!
pensaste tu que os meus dons
me abandonariam?
Quanta tolice rapaz

Nunca vi a verdade
sobreviver de mentiras
como tão pouco ouvi
mentiras tornarem-se verdades

Essa vida pode ser de cão
mas não tenho mais medo de latido
nem dos lobos que uivam
atrás do meu sangue

Nada mais temo quando
tudo que me importa
é viver bem tranquilo
sem cobrar nada a ninguém.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Delivery do amor


















Quanta mentira em teu olhar
teus lábios ao moverem-se
falaram falsas verdades
não deixei me enganar

Jamais fui enganado
sempre soube de tudo
toda verdade explicita
ao bom observador

Vendei meus olhos
para te amar
tapei meus ouvidos
para continuar a amar

Amei eu amei tudo
que você pode me dar
me saciava das tuas
loucas e poucas migalhas

Vendia meu sangue
para curar tua anemia
e no meu suor o teu corpo
desaguava sem pudor

Os desejos parecem loucos
mas loucura mesmo
é não sentir desejos
e isso nós sentimos bem

Ainda lembro teu rosto
no reflexo do espelho
tu por trás de mim
em posição de domador

Fizesse dos meus cabelos
o arreio de tua cela
E a cada vez que o puxava
pelo espelho eu enxergava

Tua cara de desejo
que me excitava sem fim
nos devaneios de quem
só usava-me por vaidade

Mas o que me importa
se vaidade ou amor
você extraiu  meu gozo
me comeu gostoso

Como quem come
a comidinha de domingo
bem quentinha em sua mesa
se me satisfaz amando ou não

Quero fazer parte
do teu menu
e no Delivery
ser chamada por tu

Pra de novo
teu sexo gostoso
me matar de prazer
pudor pra quê?

Rafaela Cartaxo



Amor a Preta














Minha preta
te quero tanto
sacode a toalha
da mesa pela janela

fazendo sinal 
de que posso entrar
para debaixo de tua saia
meu chamego aquecer suvulva

que em tua cama nua
nós vai poder com todo dengo
fazer AQUELE amorzinho
por de mais gostoso

Até nossas bichinhas assanhar
só de lambuzar meus lábios na tua boca 
parecendo fogo na palha
tu e eu no calor na quentura 

De desejo se apavorar
num fogo lascado de quente
que percorre o corpo da gente
até fazer formigar do pé a cabeça

No cafofo tesãozinho gostoso
que fez no rala rolar tudo
os meus e os teus olhinhos
sem vergonha revirando

Rafaela Cartaxo

Intensa














Como pode haver
em mim tanto desejo
se nessa existência
eu mal te conheço

Você se enraizou
em meus vasos
e por horas e horas
tuas atitudes e palavras

Coíbem a passagem
do meu sangue
eu me sinto incapaz
de mover-me

Sinto o sangue
concentrando-se
lentamente e já
nem apavora

Acabou-se o medo
de amputar pedaços
que morrem em mim
espero um dia

Depois de tanta
tristeza e agonia
ainda me sobre
alguma parte

Para quem sabe
eu te dar meus restos
porém se por ironia
eu não resistir

E desse mundo partir
quero que alegre-se
em saber que a amei
com toda verdade contida

Em minha essência
que tanto lutei contra
na tentativa de viver amena
intensidade minha condena.

Rafaela Cartaxo

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Tudo por você













Quando o assunto é você
eu ajo irracionalmente
e humanamente
perco toda razão

Mas também
quando o assunto é você
eu viajo nas emoções

Atravesso galaxias
te trago estrelas
num mergulho fantástico
furto pérolas do mar

E sem toca-la a pego pela mão
faço teus pés levitarem
numa emoção que é minha

Mas que também pode ser sua
basta deixar seu coração
bater na mesma frequência
que bate o meu acelerado

Sintoniza teu amor a minha rádio
que nunca mais deixarei
de tocar-te a alma.

Rafaela Cartaxo

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Agônico



















O sono do cansaço conspira
sobre as minhas pálpebras
avalanche que cai e pesa
vem tapar os meus olhinhos

Sem balanço estático descansa
sempre na paz dos perturbados
faz breve seu repouso involuntário

Da lavoura
da senzala
do cansaço
das horas

Em perpétuo muito trabalho
predestinados a comer racionado
homens, mulheres e crianças

Inchada nas mãos cedo trabalham
Passando o dia engaiolados
longe dessa nova civilização
não é dúbio o nosso protesto

queremos ser a bons modos
Tratados como seres racionais
mas nos forçam viver no cabresto

Em paradoxo
com as leis
que na cruel
vida real

Não favorece nenhum de nós
a não ser os patetas do poder
que porventura pensam
dever haver transferência de posses

quando suas botas bater
aí se darão conta que
acumularam tesouros errados

E verão então refletidas
imagens doloridas
do vazio de suas almas
ressecadas por falta de amor

Pedirão então a Lázaro
para molhar nem que seja
a pontinha dos seu minúsculos
órgãos fétidos leprosos

Em suas línguas a saliva imunda
que matou muita gente de fome
com suas falas traiçoeiras
faltando solidariedade a seus irmãos


Rafaela Cartaxo



quinta-feira, 13 de março de 2014

Pés calejados da vida













As pessoas precisam mesmo
se interessar mais umas pelas outras
basta refletir que agir sempre pela razão
nunca te dará a alegria da emoção

E viver sem ela é como ter passado
por essa vida de navio ou avião
enquanto aqueles que se emocionam
sentem que andar muito no decorrer da vida 

Com pés descalços e passos curtos ou largos
pés marcados de rachaduras e calos
porém pés fortes resistentes ao frio e calor

deixaram coração mole de mais 

Coração que bate a medida do sonho meu
que na realidade em que vivemos até parece uma utopia
a de que pessoas do mundo inteiro se abracem 
afetuosamente como amigos e irmãos

Dessa forma talvez as pessoas aprendessem
a sentir emoção quando lessem os livros
encontrariam nas palavras as emoções do autor
e assim não as tendo as adquiriria na arte

Por que só quem a faz são aqueles que 
viveram de mais sendo coroados de sensibilidade
pois esta só tem aqueles que durante 
uma vida emocionaram demais.


Rafaela Cartaxo

quinta-feira, 6 de março de 2014

Eufórica












A euforia era tamanha
tão grande era
que eu metia os pés
pelas mãos

Dividir o seu amor
era deveras desesperador
no descontrole
das minhas emoções

Pus tudo a perder
perdi tudo quando perdi você
Pudera ter graça o mundo
sem o teu sorriso junto

Sem você nenhuma gargalhada
nenhuma boa risada
porque minha boca
só conhecia o sorriso

Quando sorria junto contigo
hoje em lágrimas e sem euforia
eu te espero voltar pois fez-me calma
a paciência de te esperar

Mas quer saber mesmo porque choro
choro porque acredito no dia
que meu sorriso será lavado 
pelas mesmas lágrimas que foram tuas

Cada uma por sua vez
uma a uma expressando o amor
que tanto tanto eu guardei
somente para ti.

Rafaela Cartaxo


quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Meu luto


















Por Deus
não imaginas
quanto está doendo
inanir esse amor

Sentimento
ainda tão vivo
tendo eu
que sacrificar

Por não
ser permitido
que o nosso amor
tenha existido

Venho tentado
matar-te
dentro de mim
meu funeral.

Rafaela Cartaxo

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Detonador













Me pedes
para arriscar
correr o risco
de não te-lo

Posso também
vir a lhe ter
mas se não o tiver
onde detonarei

Esse arsenal
de amor
que explodirá
em mim

Já que
por tua falta
bombas serão
sim acionadas.

Rafaela Cartaxo

Teu corpo nu


















Quando localizo
o teu olhar
tenho a sensação do
corpo todo arrepiar

Gelo na mão
que desliza
o corpo inteiro
escorregando vai

Esperando
aquele beijo
abraço por trás
carinho na nuca

Sentindo teu amor
percorrer minha pele
num súbito de paixão
me enlouquece

Lentamente vou eu
cedendo as tuas vontades
me satisfazendo no teu
corpo nu bem devagar.

Rafaela Cartaxo






segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Justiça divina

















O câncer destrói
o orgulho
O câncer destrói
a vaidade

Pouco a pouco
mata o ser vivente
e os que assistem
a morte do seu parente

Aprendem lentamente
que o dinheiro não tem
valor algum nas últimas horas
nem pode comprar vida

Percebem o quão iludidos
são os materialistas que querem
ser tratados como Dr. e Dra.
segundo as suas riquezas

Que nem se quer
podem impedir suas
mutações genéticas
de alastrar seu câncer

No leito do câncer
todos são iguais
ricos e pobres
definham sem piedade

Arrota agora rico
o teu hálito apodrecido
do teu câncer generalizado
na cara dos desfavorecidos

Quem levará
as tuas posses
para o plano espiritual
ninguém, ninguém, ninguém

Nada levarás
além de tua alma desnutrida
por falta do bem
que pode fazer mas não fez.

Rafaela Cartaxo

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Pout- Pourri dos versos











Quando acordei
ao ver o sol
lembrei de ti
em como
os teus olhos
me desnorteiam
assim como o sol
me impacta a visão.











Vivo mudando
assim como o camaleão
que muda de cor
lagarta que vira borboleta
porque tenho certeza
que se rato pudesse
virava morcego.












O mundo
sem romantismo
em carnificina acabará
a vida sem poesia
se perderá em seus versos
que controverso
mataram os poetas.





Não vou chorar
porque lágrimas
não regam jardins
nem lavam minha alma
apenas borra maquiagem
e eu não quero
ficar amarrotada
não hoje.




Talvez por não ter encontrado
um amor dos contos de fada
fui inventando e escrevendo
os meus próprios faz de conta
É dessa vez e faz acontecer
doando os meus melhores
personagens a amadores
afinal o meu capital
não pagaria artistas globais.










Ser diferente
não significa estar errado
mas apenas querer viver
suas próprias vontades e escolhas
ao invés de consolar-se
com as já existentes
diferenças internas
refletem o externo.










Se adormecesse
dentro de mim
hesitaria acordar-te
dormiria contigo
sonho com sono
sem querer acordar
sede do eterno.











Pouco a pouco
vou me acostumando
a dormir sozinha
ando cansada de dividir
a minha noite e cama
com estranhos conhecidos
pessoas e seus disfarces
não me atraem afinal
nada além da essência
me faz atraída.









Como uma abelha
roubo teu néctar
me satisfaço
vôo embora
sacudindo
o teu pólen
longe de mim.


Rafaela Cartaxo

Nossas retinas












Te sorrio
de mansinho
devagarzinho
vou soltando
meu charminho
sei que você
não resiste
aos meus
encantos sutis
a demora é
só me olhar
nos olhos
que uma energia
vorazmente emana
minha retina
entra na tua
a tua na minha
e quando vejo
já estamos à sós
com ou sem
cama e lençóis.

Rafaela Cartaxo

Deflorada


















Essa noite
meu organismo
sentiu tua falta
abstinência

O corpo tremia
só de lembrar
dos nossos orgasmos
ele tremia

Eu despida
em minha cama
pus-me a tocar
nossa rosa

À recordar
das vezes
que desflorada
foi por ti.

Rafaela Cartaxo

Tela tua nua













Se pintora eu fosse
pintaria uma
tela tua nua
para expor
bem no meio
da minha sala
todas as tuas
formas e curvas
apreciando
a tua obra
como se fosse
um Picasso.

Rafaela Cartaxo

Recíproca















Passei ao teu lado
vi teu olhar
sem disfarçar
me seguindo

A música
já embalava
meus movimentos
de piração

Quando teu olhar
esbarrou-se no meu
fitando-os me puxou
para dançar, dançar

Meu corpo
sobre o teu corpo
sem querer parar
só deslizava

O ritmo delirante
foi frenético
não deu pra evitar
a tua boca

Que me roubou
da boca meus beijos
que também viraram
recompensa de ladrão.

Rafaela Cartaxo

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Estrelas sem tu













Azul da noite
estrelas cintila
são tantas
e como brilham

De pensar
que podes estar
em outros braços
apontado-as

Relampeia
troveja
levanta poeira
meu coração.

Rafaela Cartaxo

Eu












Tudo que eu preciso é esvair
dessa carcaça cansada e inútil
todos os bons e maus pensamentos
através da minha escrita

Não me importo de escrever assim
nunca tive pretensão de ser alvo do leitor
minhas palavras sempre serviram a mim
como escape do esconderijo interior

Por isso escrevo
com as lágrimas
com o pranto
com a dor

Escrevo sem medo
sem máscaras
com maquiagem borrada
mas de alma lavada

Da coragem de mostrar
a mim mesma e ao mundo
quem realmente sou.

Rafaela Cartaxo

Adiante












Hoje não espero
que volte mais
parei de lamentar
a frieza do teu adeus

Jogada em meio
ao mar aberto
ancorada nas
tuas indecisões

Pego meus remos
desço meu bote
afim que águas
me levem adiante

Água me leva
água me traz
com tantas ondas
acabo a desaguar-te

Rafaela Cartaxo

Reino sem majestade











Ainda na infância lembro-me de ter escutado
adultos se referindo a pessoas
pobres como simples e as
pessoas ricas como importantes

Eu não compreendia muito bem
e talvez a pouca idade não me deixasse
analisar tão profundamente esta questão
afinal tinha tantas brincadeiras

Tinha as cercas de arame farpado
das frutíferas chácaras que eram
escaladas facilmente por
crianças teimosas feito eu

Pulávamos, corríamos entre as fruteiras
e furtávamos seus frutos
gostávamos daquele perigo seguro
onde os nossos gritos podiam ser ouvidos

Facilmente pelos nossos pais
mesmo que se por eles descobertos
levássemos muitas broncas
mas aquela expressão ouvida na infância

Titulando a ricos como importantes
e a pobres como simples
sempre me inquietou
pois veja só

Quando que um pobre é tratado
ou referido como alguém importante?
mas quando chamam alguém que segundo as suas
condições monetárias lhe qualificam importante

E ainda assim o chamam de simples
hipocritamente chega a soar como elogio
esse alguém mesmo importante (rico)
é desprendido dos seus bens

Vive simploriamente seus dias de vida
e então essa pessoa é admirada, elogiada e todos
por uma boca só falam esse fulano tem tantas posses
mas é uma pessoa tão simples

Como se o fato de alguém ter dinheiro demasiado
desse a ela o direito de ser egocêntrica
ou se achar melhor do que
as demais pessoas

Mas sera que os pobres
nunca serão mesmo importantes?
Sera que nunca seremos tratados
como seres iguais?

Queria mesmo é que todo mundo
fosse tratado feito gente e que
a unica diferença que houvesse
fosse a de identificar

Se gente boa se gente má
afinal quando Deus criou o mundo
ele não criou cartórios
mas os ambiciosos assim o fizeram

Com o coração cheio de ganância
demarcaram seus territórios
enquanto os que gostavam mesmo
da paz e da natureza

Eram caçados como escravos
para erguer propriedades
oriundas de orgulho e maldade
daqueles que implantaram no mundo

A ideia de que seu ouro e suas terras
os faziam importantes enquanto todos os outros
simples plebeus que por sua vez
nunca seriam importantes

Jamais adentrariam a realeza.

Rafaela Cartaxo




sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Por você vale tudo











Tudo que eu preciso é do seu amor
o universo é tão grande
o mundo tão cheio de pessoas
andei por muitos lugares

E até conheci muitas pessoas
mas nenhuma com o teu toque
nenhuma com o teu cheiro
não é capricho nem muito menos fetiche

Se digo que te quero
que te desejo como nunca antes
houve desejo em mim assim desse jeito
bem dentro de mim faíscas

Que estalam, queimam, ardem
o coração envolto do peito
que com ternura
protege o meu amor

Por você escalaria o Everest
atravessaria o deserto do Saara
e mesmo sem saber nadar
se você me desse uma chance

Eu me atiraria ao mar
só porque tudo que eu mais quero é você
pisaria no fogo e andaria pelo gelo
só pra te provar que não quero mais errar

Eu só preciso
de uma unica chance
pra fazer você me amar.

Rafaela Cartaxo

Preciso de uma chance














Meu amor
minha consciência esta limpa
sei que fiz a minha parte
sei que te provei o quanto me arrependi

Confesso que te machuquei
mas a dor que sinto agora
já passou de punição a castigo
torturas, torturas, torturas

Se ao menos uma chance me desse
poderia provar que tudo não passou
de um grande engano
uma grande confusão

O que eu posso fazer
pra você entender que é você
o homem que eu amo
e que quero sempre

dentro, dentro, dentro
dentro de meu coração
baby acredita eu só preciso de uma chance
você não vai mais se arrepender

Não
não
não
não.

Rafaela Cartaxo


Cruel ausência


















O amor não dói
não machuca
não inflama
nem sangra

O amor é a cura
de todos os males
pois a vida de nada vale
Sem que em sua existência

O amor não tenha existido
seria como habitar a terra
vivendo num corpo inanimado
sem a magia da alma

Seria como abrir um coco
sem água sem carne
seria como a mãe que deu a luz
e sem seios não alimentou o filho

O que dói
machuca, sangra, inflama
é a saudade do amor que se foi
sem motivos de voltar depois

É a saudade que mata
pela carência da ausência
de outra alma que habitou a sua
em carne em unha

É como mutilar
o próprio espirito
sendo forçado a extrair
todo vestígio deixado pelo outro

Que já não quer ancorar
nosso porto de inseguranças
por isso tenha calma
sossegue a alma

Esteja sempre alerta
para não ferir o amor
que ao defender-se
dos maus tratos

Vai sem volta
e acaba ferindo
de saudades
a alma de quem fica.

Rafaela Cartaxo



domingo, 16 de fevereiro de 2014

Te perdi
















Teus beijos
tinham gosto de fruta
fruta fresca em final de tarde

Mãos esculpidas
no estilo barroco
apalpavam-me rudemente

Meu corpo carente
não resistiu as tuas seduções
me traiu cedeu

Tudo passou
outra te levou
e hoje nesse apartamento

Me restou a insonia
na qual componho versos
versos de ti ...

Que se reversam
com loucura dentro de mim
e me perdendo te perdi ...



Carne metálica












Fomos feitos de carne
mas vivemos
como se fossemos
maquinas, maquinas, maquinas

Somos postos a prova
todo santo dia
piedade parece não haver
não para nos ...

Cresci a perguntar
também a perguntar-me
queria entender
o que não tem explicação

Hoje francamente
eu afirmo
nesse mundo
tudo é ilusão

E tudo que eu aprendi
foi que vive mais feliz
aquele que não questionou.

Rafaela Cartaxo

Mon amour















Quando o sono pesa
sobre minhas pálpebras
eu resisto um pouco mais
só para pensar ...

Pensar um pouco mais
em nos dois
nossos momentos
em amor ...

Que tu mon amour
os entregou a mim
sem avisar-me que
era pouco ...

Era tao pouco
ou quase nada
mas o suficiente
para me dominar ...

Dominar minha mente
dominar meus sentimentos
e ainda mais de um pouco
de tudo que há em mim ...

Rafaela Cartaxo




quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Te imagino


















Minha teimosia
sempre teimosa
insiste teimar te querer
tento mudar o rumo

Mas sem prumo
o desequilíbrio
segue em descontrole
ate que chega em você

Tentei trocar as emoções
de tudo que me fizeste sentir
por coisas que eu pensei
que fossem te substituir

Mas não deu
meu coração é teu
logo ou é tu
ou solidão

Em vão é
lutar contra paixão
quando a gente ama
ama mesmo sem explicação

A física altera
nossa fisiologia humana
o sangue que circula pelo corpo
parece dizer sou sua e mais ninguém.

Rafaela Cartaxo      


Filosofia do Rossi












De repente
me vejo em minha sala
ouvindo o Rossi cantando musica
do álbum da Marisa Monte

E eu me pego chorando
Amor I love you
por causa de você
quase chego a esquecer

O Rossi não está mais
por aqui entre nós
dai me choro ainda mais
porque Rossi

O rei dos meus porres ...
Se foi. Ate breve!
o povão fala assim:
(Rossi, você é o meu fã)


Rafaela Cartaxo

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Maldito capital














De nada valeria a vida
se o brilho imprevisível
dos nossos olhares
não penetrassem

Nas nossas almas
fazendo do nada
ou talvez por nada
nossas bocas sorrirem

Pelas belezas mais simples
mas que enchem de amor
do real valor que dinheiro
nenhum do mundo compra

Onde a moeda nacional
e os cofres estrangeiros
são cifrões desvalorizados
nas notas dessa canção

Na cifra  do meu violão
por que sou coração
que canta para vencer
o que o capitalismo impõe.

Rafaela Cartaxo

 

Nua e crua













Eu gosto da coletividade
eu gosto de ser gente
gosto de ser
quem posso ser hoje

No pouco
ou no muito
não sou ninguém
além de mim mesma

Porque se
dinheiro muito desse
vergonha a alguém
os ricos seriam exemplo

Eu vivo do que tenho
porque aprendi a ser feliz
com o pouco que tinha
simplesmente vivi

E viver o simples
é viver a vida plenamente
sem precisar de sombras e disfarces
que só a grana pode pagar

Eu vivo nua
eu vivo crua
eu vivo a todo instante
sendo apenas eu

E isso incomoda
os surreais
não deveria eu sei
mas se incomodam.

Rafaela Cartaxo




Ritmo do amor














Há tempos meu coração
não mais batia
por amor

Foram desilusões
antigas paixões
que fizeram ele de lata

E apesar do
tanto de desamor
hoje ao invés de pulsar

Ele bate forte
como os tambores do pelô
sinos das catedrais

Coração está em carnaval
desde que tu
tu pisou na avenida.

Rafaela Cartaxo

Saqueou-me













Quando o desejo
dilacera os vasos
e a corrente sanguínea
desempenha o seu

Funcionamento com
força total
nós perdemos a noção
perdemos a razão

Desejo louco
parece rasgar a pele
todos os músculos
de tesão estremecem

Num extinto animal
como se acasalássemos
sendo tu um cão
e eu um gato

Nos devoramos
com fúria e gana
no clímax selvagem
teu membro velozmente

Me depredando enquanto
tu me saqueias
com a rigidez
do teu órgão excitado

Que explora
os meus orifícios
te satisfazendo
em meu coito alagado.

Rafaela Cartaxo


 
  

Anti-materialismo












Hoje foi tudo virado
casa toda revirada
tudo fora do lugar

Hoje não quero ter
que me ater
a essas coisas triviais

Que eu nao me importe
que nada importe
no dia de hoje

Decretei liberdade
ao meu gato pra ele rasgar
hoje a unhas e dentes

O que melhor
lhe possa parecer
estou assim

Sem medo de nada
com receio de tudo
sou confusão acertada.

Rafaela Cartaxo

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Novo mundo














Humanidade hostil
lutam contra a especie
contra a raça
ignoram a criação

Fazendo vista grossa
adoram um deus
que nada criou
além da desunião

Deixando o poeta
com menos esperança
e mais sonhos
sonhos não de mundo novo

Mas de novas pessoas
que unidas no amor e respeito
transformem o mundo velho
num novo mundo

No lar doce lar
de todos os irmãos
sem temer religião
juntos no amor e doação.

Rafaela Cartaxo

Além da cama















Estava deitada
o sono veio
sem menos esperar
eu adormeci

Já estava a dormir
quando achei de
acordar-me em teu sonho
que o universo conspirou

A paisagem ao nosso redor
era toda deserta
estávamos a sós ali
e não deu outra

Depois de tanta espera
a imagem de te ver sem roupa
me descontrolou voraz
liberou a fera que há em mim

Nos beijamos
nos amamos
carinhos trocamos
saciada estou

Agora que acordei
estou querendo repetir
tudo outra vez
seja sonho ou realidade.

Rafaela Cartaxo




quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Minhas letras

















Só sei que eu
escrevo e escrevo
redijo tudo que penso
porque não sei
outra maneira de
deixar um pouco
de mim nesse mundo
já que não canto,
não desenho nem pinto
E se não haverão
de me ouvir ou de
apreciar minhas telas
de uma coisa eu sei
gostando ou não
alguém há de me ler.

Rafaela Cartaxo

Confissão


















Colocarei por baixo
da tua porta
esse bilhete
meio apressado

Que eu fiz agora
eu sei que tu
num momento verás
estas palavras

Um tanto loucas
que escrevo agora
e algo te fara abrir
a porta imediatamente

Então não estarei
aqui de fora
a te esperar
mas olha bem

Nesse corredor
por onde tantas
vezes eu passo
não pra te vigiar

Pois minha rotina
de trabalho o
corredor percorre
vontade de te ver

Mas confesso
que sempre
sempre que passo
em tua porta

involuntariamente
congelo meu olhar
nessa porta fechada
porque atração

Não tem jeito
é uma emboscada
da química
da física
do destino

Que por ironia
achou de nos
por nesse
mesmo corredor

E talvez
nunca venhas
a saber quem
realmente sou

Rafaela Cartaxo


Amor Já












Será que tudo
tem que seguir
uma ordem
cronológica

Seria essa
ordem de
origem social
ou universal

Será que
temos que
omitir o que
sentimos

Só para
não parecermos
loucos nesse mundo
de zumbis

Diria que a
ordem do universo
é oposta
a ordem social

O universo quer
fazer acontecer
a medida do
que se sente

Quero dizer
que te amo
e que não
me importa

O quanto
pareça ser
louco dizer
isto agora

embora seja
curto o tempo
que por milagre
você surgiu

Pra que
para quê
ou por quê
não falar

O que sinto
assim agora
exatamente aqui
nesse momento

A partir do hoje
te amo agora
talvez te ame
eternamente.

Rafaela Cartaxo

Infiel











Mataria e morreria
por você
até pensei ser
que fosse

até que ela
a morte 
tão bela
nos separasse

Mas foi você
quem rompeu
o lacre que selava
intacta a amizade

Eu a tua e
tu a minha bengala
escorávamos um
no outro

Para vencer
a trilha da vida
meus restos aos teus
somavam-se 

nossos corpos
sem vida moribundos
juntos tinha de vida
mais alguns segundos

Nossas meia vidas
nos trazia o conforto
de que ninguém
há de ser tão sozinho

Ou tão sem vida
moribundo que não
encontre um só
semelhante

Que nos ajude com
amor levantar
eu levantava com você
porém desleal

Tu renunciasse
a todo primeiro lugar
que te coloquei
preferiu quase entrar

Pra minha virtual lixeira
para onde vão
todos sem respaldo
sem pena deletados

Eu esperando
do nada e por nada
uma boa moldura
pra valorizar

O que sobrou
de mim e de tu
numa fotografia
sem graça emoldurada.


Rafaela Cartaxo

Nasogátrica













Sete dias
de solidão
Sete dias
de escuridão

Sete dias
sem você
Sete dias
de tristeza

Definhando
da dor ao pranto
o teu adeus
não esperava eu

Que fosse
ser agora
e o nunca mais
vai fechando com

O pesar do passar
a minha glote
inibindo o apetite
que me dava energia

Para devorar
o teu corpo
a tua pele e
a sua alma nua.

Rafaela Cartaxo