Cheiro de amor

Já consigo ver
a primavera que
vem chegando
coloridas flores

Forrando meu
caminho como
uma colcha
de retalhos ao chão

O perfume
das rosas
voa alto, voa baixo
por todas direções

Mas não param
de voar,voar
pousam, nas minhas
emoções repousam

Memoria de perfume
do cheiro que
perpetua na pele
seu grande amor.

Paradoxo

Estava completamente
perdida em meus
espaços vazios
noite não amanhecia

Estava protegida
por minhas barreiras
de idéias projetadas
paradigmas sociais

Então você chegou
trouxe aurora
trouxe dia
amor paradoxal

Eu, odre seco
transbordei
em amor, paz
luz, vida, alegria.

Absurdo

                                                               


Você realçou
da noite o dia
sol e estrelas
sorri ao meio dia

O aquarelista
com pincéis colheu
flores de todo tamanho
rosas multicolor

Cenário de amor
cortinas abriu
realismo da arte

surreal amor

Tradução do amor

A linguagem
do amor
idioma universal
beijos que falam

Aos olhares
são traduções
sarau no coração
alquimia dos sons

Melodia santa
compõe perdão
suprema emoção
sempiterna será.
  

Nada nos separa

Pipas no céu
pássaros  no ar
eu,mesmo sem asas
vôo a te encontrar

vencendo limites
me liberto
só pra meu amor
eu encantar

Misto de cores
percebi ao teu redor
sinceras emoções
brio de amar

Alcance remoto
insuficiente é
para os nossos
espíritos separar

Mergulhas

O suor liberado
no ato intimo
do amor
por tua pele

Deságua meus
orifícios de mulher
meu corpo terra
os absorve

Derrepentemente
sou mar, te faço
mergulhar por dentro
só assim...

As ondas
se acalmam
em teus braços
meu porto seguro

Magnetismo

Diante de mim
vejo nossos espiritos
abraçarem-se
delicadamente

Sentado frente
a tua matéria
não me tocas
sinto teu abraçar

Teu olhar me suga
agarrando a mim
tua alma, tua paz
energia vital, ima

Magnetismo que
nos une ao paralelo
encontros casuais
que a pele não toca

Rastro

Até quando
o meu amor
esperará  por ti
flamejante

No penso florífero
joguei flores
pelo caminho
deixei trilha

A trilhar
tua demora
intensa, ritmiza
meu querer.

Dissabor

Teu desprezo
massacrou o peito que
abrigava o coração
que te amava

Porque fingiu
ter por mim
um apreço
sem fim

Morria em
teus braços
enganada por
seduzidas farsas

E do amor
que dediquei a ti
restou desgosto
envolto de amnesia.

Circunlóquio

O mistério
que tua voz
pronuncia
me silencia

São palavras
ouvidas ao telefone
ou vistas
de um monitor

Que não
completam lacunas
meias palavras
perífrase

Camuflam
encobre quem
exatamente és
Quem é você? 

Limites

Uma vida
é pouco
para enxergar
luz dos teus olhos

Que brilham
carrossel estelar
hipnotizam-me
me rende a ti

De olhos vendados
prossigo meus passos
não quero parar
que tua arte decida

Em que tela
eu vou cair
Se em teus braços
ou no vazio pintado

Por teus dedos
inspirados por
teus medos
impermissão de amar.

Cor dos olhos

O que antes
meus olhos
enxergavam em
tons de cinza

Agora com
tua presença, e o
brilho furta-cor
do teu olhar

Cores primarias
se fundem
em secundarias
pintam arco-íris

Pincéis e cores
Céu e mar
luz divina
liberdade de amar

Mútuo artista

Não sou musico
Não sou pintor
nem escultor
mas apaixonado

Tu, inspiração
me conduz a cantar
pintar, esculpir
versos pra ti

Nossos momentos
obras de arte
presságio do amor
que libertou o poeta

Carnificina

Não deixarei
que toquem
mais a minha
pele alva

Predadores
da carne
esquecem da luz
que tem a alma

De como é
leve o toque
sem a intenção
carniceira do desejo

Não recordam
o afeto que no abraço
aquece o coração
gesticula pureza

alimentam a alma
nessa era pervertida
por rodizio de orgasmos
coleções de corpos

Apenas usando
uns aos outros
sem pudor algum
dando origem

A uma nova espécie
de natureza insana
irracionais não amam
mas ardem de prazer.

Covardia

Talvez devesse
ter razão
você não serve
para mim

Assim como
eu também
não deva
te servir

Tenho idéias
elas são claras
enquanto tu
idealizada covardia

Que faz parte
dos teus dias
desatino do amor
que te traiu

Pobre homem
prisioneiro em
seu passado
covarde, não ama.

Escape

Se escrevo
tenho um dom
se tenho um dom
vem de Deus

Então as minhas
minhas palavras, elas não
não podem ser pecado
não escrevo mentiras

Ou deveria mentir
expressar o que
não sinto
e me sentir suja

O carro não sobrevive
sem o escape
eu não sobreviverei
se não jorrar palavras

Ninguém passa bem
com indigestão
prefiro vomitar versos
do que sujar meu chão.