Certo dia entrei em minha casa
E na mesa plástica encostada
no Canto da parede peguei
minha garrafa térmica
cor-de-violeta que já
tinha o café gostoso
da Maria flor de A marí lis
minha Maria assim como
a flor-de-lis me representa
a pureza de alma e honra
és tu para mim Amarílis
açucena, flor-de-lis...
adornada de lealdade e amor
Enquanto o sabor do café
Apreciava também olhava
Tudo ao meu redor que
Minhas retinas alcançavam
Prestei atenção as escolhas
Dos meus objetos e vi tanta
Mais tanta coisa desconexa
Que fui indagando-me assim:
Dois pufes, um sofá, cadeira roxa
Manta com garças estampam
O sofá que esconde a arte que
O amigo mais fiel que o homem
Cavou só por cavar já que
Não sabe quanto custou
Agradeço-te meu Bob meu amor
Bom seriam os humanos
Se tratassem as coisas materiais
Com menos valor e sendo assim
Passariam a tratarem-se
Entre si com mais amor
Porque é nele que está
O verdadeiro valor...
Continuei a olhar
Vi um telefone fixo
Sem funcionar com
Design de antiguidade
Um pedaço de granito
Quebrado de quina
Servindo de mesa
De canto enquanto
Protegia o vaso branco
De derrubar as flores
Sem vida vermelhas
E seus galhos secos
Que haviam sido coroados
Com uma peça de artesanato
Que havia comprado
Em Tibau do Sul
Daquele artesão gaúcho
como quero voltar...
ali de novo para comprar
Seus móveis de bambu
então sentei no banco amarelo
que faço de escada
para alcançar meus armários
que foram projetados
para quem tem mais de
um metro meio meio sem jeito
banco amarelo café na boca
diante da estante de livros revirada
e daquela tv de LCD 32
em câmara lenta meus olhos
lentamente filmavam
reportando a mim meu pensamento
sonoramente eu me falei:
que engraçado ser desconexa!
já que não me sinto várias pessoas
mais apenas uma que já viveu
em diferentes épocas...
Então olhei mais acima
Vi em um lugar privilegiado
No alto da minha casa
A tela de um pintor!
E não era de um pintor
Historicamente ou midialmente
Famoso “era do artista”
Que sem recursos tentava expor
Na esquina de uma praça qualquer
Vendendo arte a preço possível
À mulheres e homens de boa fé.
Rafaela Cartaxo