domingo, 29 de setembro de 2013

Inusitado














Existem amores
Cheios de
Declarações
Que encanta

Também sei
Existem amores
Cheios do silêncio
Que ao olhar fascina

Pra que falarmos
Tanto amor
Se nossos olhares
Perguntas e respostas

Falam por nós
Sou feliz
Em teus braços
Isso sim importa

São nos nossos
Braços e abraços
Que nossas batidas

Declaram-se.

Rafaela Cartaxo

Sentenciados


















Te aceitei
Sabendo que
Outra pessoa
Tu tinhas

O inevitável
Não há meio
De evitar
Acontece

No destino
No olhar
Na pele
Acontece

Não seremos
Os últimos
Nem fomos
Os primeiros

Desde A.C
Bate-Seba e Davi
Nos provaram
Acontece

Te desejar
Um pecado
Pecamos juntos
Minha cama

Nosso tribunal
condenados fomos
nossa sentença
a inquisição.

Rafaela Cartaxo

sábado, 28 de setembro de 2013

Reciclagem


















Mesmo deitada
posso ver
minha janela
gotas chorando

Por seu vidro
chuva escorrendo
por minha face
lágrimas rolando

Eu te peço
não te assustes
nem lamente
minha dor

Eu sempre
soube que
o amor nos
deixa marcas

Sempre soube
que nos faz
perder e ganhar
rir e chorar

Mas te digo
valeu a pena
todos os minutos
você e eu

Tranquiliza-te
sei bem me cuidar
já sou grandinha
chorar não é ruim

Como puro azeite
sim o amor é
em nós guardado
conservas

Quando de
algum lado
o amor acaba
azeite vira lágrimas

Choramos amor
para esvaziar
o recipiente que
novo amor encherá.

Rafaela Cartaxo


Amor é arte



















Poesia nada mais é
que canções
cujas almas
as compõem

Não se restringem
aos versos do poeta
a inspiração do pintor
ou a melodia do cantor

A poesia é o amor
que ao prazer sorrindo
ou a dor chorando
conjuga o sentir

Todo amor é arte
artista todo que amar
poesia por todos os lados
basta sentir que ama.

Ela se fora













Restou-me a lembrança
Daquele grande amor
Por tolice minha escapou
Dos meus lábios e braços

Por não saber a amar
Outro te tirou pra dançar
Hoje minha princesa
Outros braços valsa

Dos seus retratos
Me desfiz
Mas sua tela maior
Minha mente moldura

A lembrança dela
É bem mais que
Uma grande pintura
Poesia há em seus beijos

O ouvir da canção
Que nossa era
Machuca a alma
De vermelho sangra

Doer mais que desespero
O ter a certeza que
Meu grande amor
Não mais voltará

Rafaela Cartaxo

Liberdade de ser












Não é ser diferente

Querer viver

Suas próprias vontades

Não é errado

Querer o próprio

Quando o óbvio

Já existe!

Prefiro exercer

As minhas próprias

Ao invés de ter

Que me consolar

Vontades e verdades

Que já existem.

Rafaela Cartaxo

Rala e Rola











Com a gente
Não tem jeito
É na sala
No carro
Na rua 
No beco
Na chuva
Ao chuveiro
No chão
De pé
Deitado
De frente
De costas
Tirando tua
Minha roupa
Liberando suor
Ardendo em prazer
A noite de dia
Ou no amanhecer.

Fui seu menino














Tantos dias
Sem ouvir
A sua voz
Por que eu

Não a gravei
Além da mente
Na memória HD
Das mídias digitais

Era a minha
Canção preferida
De ninar enquanto
Eu seu menino fui

Carregou-me
Em seu colo
Me disse
Pra não chorar

Quem dera
Ainda fosse
Minha menina
Mulher amante

Tua voz seria
Meu calmante
Notas sonoras
A trazer paz

Rafaela Cartaxo

Demissão












Dormindo ao
Meu lado
Tu estavas
Telefone toca

Era o outro
Que já não
Desejava ter
A me querer

Querendo novo
De novo aquele
Amor que fazíamos
Gostoso pra valer

Mas o mundo
Girou forte
Arrebentou bussola
Coração apontou

Outros pontos
Supra cardeais
Novos caminhos
Voltar jamais

Seu amor passou
Não me satisfaz
Tua vaga foi
Bem ocupada

Readmitir-te
Nunca mais
Requisitos poucos
Quero muito mais

Rafaela Cartaxo

Estorvo











Não poder te ver
Me faz calado
Dá saudade só
De pensar em ti

Então me cubro
De silencio
E meus pensamentos
Aos gritos te chama

Parece longe
Onde você está
Não posso sentir
Seu cheiro suave

Foi bloqueada
A estrada que
Levava o caminho
Do nosso olhar

Aquele que só
Nós percebíamos
E que o mundo
A nossa volta

Era incapaz
De enxergar
O que só sentia
Eu e você.

Rafaela Cartaxo

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Sensor














Esperei telefone tocar
e tantas tocou
em nenhuma delas
era tu meu amor

A cada chamada
coração disparava
tensa expectativa
esperar você

Nenhuma certeza
desespero espera
quer acreditar
que o amor supera

Meu corpo
pode cansar
da tua espera
posso até cochilar

Mas se não
se avexe não
coração alerta
despertador.

Rafaela Cartaxo



terça-feira, 24 de setembro de 2013

Devorada













Queria não sentir
o que sinto agora
você entra em mim
paixão me devora

Paixão que eu
não imaginava
ser possível
outra vez sentir

Me apavora
o saber de que
te quero hoje ainda
mais que ontem

Me dominou
os sentidos
amor bandido 
me fez refém 

Submissão



















Quando nossos
olhares se cruzam
fica mais difícil
te resistir

Me jogo
sobre tuas retinas
louca de desejo
que tua boca

Tire toda
a minha roupa
teus dentes
rasguem lingerie

Ansiando que 
saliva refresque
aos poucos esse
corpo que ferve.


Rafaela Cartaxo

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Inesperado












Depois dos
tantos perigos
avisei meu coração
nada de paixão

Daí você vem
me aparece
para eu entender
coração não obedece

Nem durante
a vida e
nem depois
da morte

São afinidades
inexplicáveis
que deixa a
alma inquieta

Memórias que
são contidas
no desconhecido
elo dos vivos

Que unem seres
pelas chamas que
a pele não queimam mas
na alma incendeiam.

Rafaela Cartaxo

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Bem querer











As vezes te sinto
tão perto...
Outras vezes
tão distante...

Mas não importa
se de perto
ou de longe
eu te sinta

Quando o seu
amor me fez ser
a mulher que
sempre sonhei

Tocou meu coração
tocou meu corpo
minha alma
me fez tão bem

Não acredito
na coincidência
do mero acaso
nada é por acaso

Mesmo agora
sem tu aqui
continuo a
bem te querer

Querer te desejar
mais vezes seja
na rua ou chuva
a molhar amor.

Rafaela Cartaxo


Pista de pouso













As horas voam
os dias passam
eu continuo aqui
nessa vontade de você

Que só descansa
quando tu vens
na minha direção
e me abraça

Todos os dias
o que mais quero
além de te amar
é te amar de novo

É ver você chegar
sempre com amor
em meus braços
o nosso amor

Mexeu muito comigo
mexeu muito contigo
tanto que meu olhar
quando te ver

Faz pista de pouso
pra o teu olhar
sorrindo olhar
aterrissar no meu.

Rafaela Cartaxo

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Escolhas












É muito difícil lutar
contra própria natureza
quando somos colocados
aqui nesse planeta
já trazemos a carga
das escolhas feitas
por nosso livre arbítrio
sei que errar é a coisa
mais fácil do mundo
que difícil mesmo é
decidir reparar os erros
mas a dança das cadeiras
nossas vidas que
hora sentada
outra hora em pé
nos ensinou a fazer samba
mesmo em pé
a gente dança
a guerra escondida
nos nossos dias
de vida...
são os atributos
que nos levam a paz
que mesmo a ver
todo esse infortúnio
a olhos nu acontecer
sem que nossa gente
pudesse ter adquirido
conhecimento pra compreender
me faz impotente por um instante
filtro todo pensamento negativo
logo medito perfumo o amor
vaporizado da mente
e inalado pelas vias olfativas
que cheiro coração aciona
sentidos que são sem sentido
aqueles que não enxergam
além do próprio umbigo
tenho a certeza aqui comigo
que sorte ou revés
não mudo de estrada
nada me faz ao invés do bem
por isso não importa
quanto mal a mim mal faça
porque minha natureza
é mais forte que eu
não deixo que mutilações
ao coração mutilem o sorriso
que possa curar muitos outros.


Rafaela Cartaxo

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Ganância Capital











Eu ando tão confuso
não sei se sou homem
nem sei se sou mulher
mas sei que sou gente
que tento piamente
o bem praticar
não sou santa
por isso não hei
de me amarrar
a nenhum altar
já faz tempo
que não desejo
o buquê da noiva
nem o véu de tule
e as únicas vezes que
me visto de branco
é quando uso
meu jaleco
Raio-X enxerga
o que há dentro
do corpo humano
mas quero ver
inventarem algo
que enxergue o
interior das almas
me alertaram
que a radiação
pode matar...
mas o que
nessa vida
já não cheira
a morte...
quando a vida
já não é natural
os pintinhos
já não nascem
das galinhas
a horta
foi envenenada
para os legumes
os frutos
as frutas
perderem aquele
sabor que só ficou
na lembrança
ainda da velha
infância que se
apressou em crescer
tudo vem sendo
modificado para
agradar aos olhos
enquanto as
nossas células
sofrem mutações
por falta de
nutrientes extintos
pela ganância
do capitalismo.



Cristais


















Desejos me queimam a pele
incendeia os meus lençóis
ao lembrar olhar
olhos de cristais

Não sei se eram
topázio ou esmeralda
mas chegaram a mim
com poder ametista

Me dominou
o brilho precioso
daquele olhar teu
enciumou as estrelas

Visto que nem
o céu eu olhava
já que dois mundos
me penetravam

Eram teus olhos
em supra hipinose
globos oculares
a me impressionar.

Rafaela Cartaxo

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Laboratório

















Certo dia entrei em minha casa
E na mesa plástica encostada
no Canto da parede peguei
minha garrafa térmica
cor-de-violeta que já
tinha o café gostoso
da Maria flor de A marí lis
minha Maria assim como
a flor-de-lis me representa
a pureza de alma e honra
és tu para mim Amarílis
açucena, flor-de-lis...
adornada de lealdade e amor
Enquanto o sabor do café
Apreciava também olhava
Tudo ao meu redor que
Minhas retinas alcançavam
Prestei atenção as escolhas
Dos meus objetos e vi tanta
Mais tanta coisa desconexa
Que fui indagando-me assim:
Dois pufes, um sofá, cadeira roxa
Manta com garças estampam
O sofá que esconde a arte que
O amigo mais fiel que o homem
Cavou só por cavar já que
Não sabe quanto custou
Agradeço-te meu Bob meu amor
Bom seriam os humanos
Se tratassem as coisas materiais
Com menos valor e sendo assim
Passariam a tratarem-se
Entre si com mais amor
Porque é nele que está
O verdadeiro valor...
Continuei a olhar
Vi um telefone fixo
Sem funcionar com
Design de antiguidade
Um pedaço de granito
Quebrado de quina
Servindo de mesa
De canto enquanto
Protegia o vaso branco
De derrubar as flores
Sem vida vermelhas
E seus galhos secos
Que haviam sido coroados
Com uma peça de artesanato
Que havia comprado
Em Tibau do Sul
Daquele artesão gaúcho
como quero voltar...
ali de novo para comprar
Seus móveis de bambu
então sentei no banco amarelo
que faço de escada
para alcançar meus armários
que foram projetados
para quem tem mais de
um metro meio meio sem jeito
banco amarelo café na boca
diante da estante de livros revirada
e daquela tv de LCD 32
em câmara lenta meus olhos
lentamente filmavam
reportando a mim meu pensamento
sonoramente eu me falei:
que engraçado ser desconexa!
já que não me sinto várias pessoas
mais apenas uma que já viveu
em diferentes épocas...
Então olhei mais acima
Vi em um lugar privilegiado
No alto da minha casa
A tela de um pintor!
E não era de um pintor
Historicamente ou midialmente
Famoso “era do artista”
Que sem recursos tentava expor
Na esquina de uma praça qualquer
Vendendo arte a preço possível
À mulheres e homens de boa fé.

Rafaela Cartaxo