segunda-feira, 26 de maio de 2014

Delivery do amor


















Quanta mentira em teu olhar
teus lábios ao moverem-se
falaram falsas verdades
não deixei me enganar

Jamais fui enganado
sempre soube de tudo
toda verdade explicita
ao bom observador

Vendei meus olhos
para te amar
tapei meus ouvidos
para continuar a amar

Amei eu amei tudo
que você pode me dar
me saciava das tuas
loucas e poucas migalhas

Vendia meu sangue
para curar tua anemia
e no meu suor o teu corpo
desaguava sem pudor

Os desejos parecem loucos
mas loucura mesmo
é não sentir desejos
e isso nós sentimos bem

Ainda lembro teu rosto
no reflexo do espelho
tu por trás de mim
em posição de domador

Fizesse dos meus cabelos
o arreio de tua cela
E a cada vez que o puxava
pelo espelho eu enxergava

Tua cara de desejo
que me excitava sem fim
nos devaneios de quem
só usava-me por vaidade

Mas o que me importa
se vaidade ou amor
você extraiu  meu gozo
me comeu gostoso

Como quem come
a comidinha de domingo
bem quentinha em sua mesa
se me satisfaz amando ou não

Quero fazer parte
do teu menu
e no Delivery
ser chamada por tu

Pra de novo
teu sexo gostoso
me matar de prazer
pudor pra quê?

Rafaela Cartaxo



Amor a Preta














Minha preta
te quero tanto
sacode a toalha
da mesa pela janela

fazendo sinal 
de que posso entrar
para debaixo de tua saia
meu chamego aquecer suvulva

que em tua cama nua
nós vai poder com todo dengo
fazer AQUELE amorzinho
por de mais gostoso

Até nossas bichinhas assanhar
só de lambuzar meus lábios na tua boca 
parecendo fogo na palha
tu e eu no calor na quentura 

De desejo se apavorar
num fogo lascado de quente
que percorre o corpo da gente
até fazer formigar do pé a cabeça

No cafofo tesãozinho gostoso
que fez no rala rolar tudo
os meus e os teus olhinhos
sem vergonha revirando

Rafaela Cartaxo

Intensa














Como pode haver
em mim tanto desejo
se nessa existência
eu mal te conheço

Você se enraizou
em meus vasos
e por horas e horas
tuas atitudes e palavras

Coíbem a passagem
do meu sangue
eu me sinto incapaz
de mover-me

Sinto o sangue
concentrando-se
lentamente e já
nem apavora

Acabou-se o medo
de amputar pedaços
que morrem em mim
espero um dia

Depois de tanta
tristeza e agonia
ainda me sobre
alguma parte

Para quem sabe
eu te dar meus restos
porém se por ironia
eu não resistir

E desse mundo partir
quero que alegre-se
em saber que a amei
com toda verdade contida

Em minha essência
que tanto lutei contra
na tentativa de viver amena
intensidade minha condena.

Rafaela Cartaxo